segunda-feira, janeiro 22

Inveja

Invejo os que se marcam um destino, escolhem uma carreira, os que têm na vida um fito. Invejo os que são capazes de dedicar anos a uma única tarefa, seja ela a construção de um veleiro miniatura dentro de uma garrafa, a pesquisa dos abismos do oceano ou a contagem das espécies de borboletas.
Invejo-os porque suponho neles uma força que não tenho, uma estabilidade do ser que não conheço. Mesmo os livros que escrevi não me dão a ideia de obra acabada, antes me parecem espasmos de um espírito que não sabe como exprimir a sua inquietude.