sexta-feira, março 20

A guerra conjugal


Não me perguntem quais são os meus livros favoritos, porque não saberei responder, pois o apreço infalivelmente muda com o que se vai vivendo e aprendendo. Miguel Strogoff - Correio do Czar e Sandokan - o Tigre da Malásia, por exemplo, mantêm-se na estante, mas ao longo dos anos foram sendo “empurrados” por um sem-número doutros favoritos. À frente continuam Eça de Queiroz e Céline, com o brasileiro Dalton Trevisan (1925) logo a seguir.

Estupendo contista. O primeiro livro que dele li, A Guerra Conjugal (1969), foi uma revelação. Originalidade, estilo, enredo, análise das almas e das situações, a aparente simpleza de todos os personagens se chamarem João e Maria... abriu-se-me a boca.

Releio-o, sorrio, aceno que sim a concordar. Dalton Trevisan é o Clausewitz da guerra conjugal e o seu livro a versão caseira de Vom Kriege. Porque intramuros, como no mundo dos generais, cada um tem a sua estratégia, e a guerra ou a guerrilha, a luta de trincheiras, o bombardeamento, o corpo-a-corpo, podem começar por um nada. Um esquecimento, uma tolice, um desarrumo...