quinta-feira, janeiro 6

O guião da vida


Bem seria se fosse sempre de paz e harmonia, dias lindos, temperaturas amenas, amizades seguras, mas a vida faz segredo do guião que para nós escreveu, só de dia para dia revela os episódios, entremeando os momentos altos e baixos com uma excessiva dose de mediania.
Aguenta-se? Pois aguenta, que outro remédio não há. Aprende-se a fazer das tripas coração, a sorrir até que o infortúnio passe, a afivelar a máscara que, em simultâneo, felizmente nos esconde e protege.
Chegada certa idade, aí por volta dos cinquenta, sessenta, a vida muda os episódios e acrescenta-lhe  um suspense de roleta russa: começam então as visitas aos especialistas e a cada uma, como se estivesse em tribunal, prepara-se você para ouvir se a sentença vai ser de meses, prisão perpétua, ou de morte. De vez em quando os juízes retiram-se para deliberar, mas pena suspensa não há, nem perdão, só adiamento.
Daqui a nada vou ao cardiologista.
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