domingo, abril 10

Verdes, amarelos e ingratos

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Do modo como as coisas andam, talvez esteja na hora de abrir o armário, tirarmos de lá o patriotismo, sacudir-lhe o cotão e o pó que acumulou e, deitando-o  pelos ombros, sairmos orgulhosamente com ele à rua.
A moda é outra? Razão de sobra para fincar pé, dar prova que, como os homens, também os países não se medem aos palmos, pôr fim à  choradeira de que somos pequenos, deixarmo-nos de medos, de invejas, sentir honra do que temos de excelente, acabarmos de vez com a bacoca admiração do exótico.
Dá-se o caso de quererem agora os brasileiros descartar o ensino da nossa literatura. Pois que descartem, fiquem com a sua e bom proveito lhes faça, embora não me conste que, fora dos guetos universitários, se saiba no Velho Mundo, na jovem América do Norte ou na Ásia milenar, que o Brasil possui uma literatura, menos ainda uma como a nossa, com pergaminhos e a brilhar há séculos.
Talvez noutra altura me inclinasse a deitar água na fervura, elogiando, por exemplo, os grandes romances de Paulo Coelho. Mas nada de cortesias: é lembrar-lhes donde vêm e o que nos devem.